Em sua primeira participação nos Jogos, nadador de 21 anos diz que está preparado para encarar melhores do mundo e sonha voltar com uma medalha
Leonardo de Deus não tem lá uma estatura muito alta como seus companheiros de seleção. É o mais baixinho entre os calouros da equipe de natação, mas chama atenção no meio deles. Fala rápido, tem resposta para tudo e gosta de frases de efeito. Aos 21 anos, às vésperas de sua primeira participação nos Jogos Olímpicos, diz que a idade o protege. Dá de ombros para os adversários de respeito que terá nos 200m borboleta e nos 200m costas. Não quer saber de Michael Phelps ou de Ryan Lochte. Diz que está no seu "momento destemido". Algo assim à la Cesar Cielo.
Leonardo de Deus garante estar pronto para aguentar a pressão (Foto: Satiro Sodré/AGIF)Não quer passar de novo pela experiência do Mundial de Xangai, quando avançou às semifinais com o segundo melhor tempo e amargou o 13º lugar. A cabeça pesou e ele admite isso. Depois dali, resolveu trabalhar o lado psicológico. Os treinos diários na raia ao lado de Cielo ajudaram a ganhar confiança. Leo passou a acreditar que também pode chegar às Olimpíadas e brilhar como o amigo fez em Pequim-2008 ao conquistar uma medalha de ouro e uma de bronze.
- Aquele foi meu primeiro Mundial de longa, nadei rápido, mas chegou no final e tremi um pouco. Agora estou preparado. Já sei como vou agir. Hoje já sei passar por isso e segurar a pressão. Quero botar a cara mesmo na minha primeira Olimpíada. Sei das dificuldades e dos adversários que tenho, mas estou mais forte, técnico e vim para disputar braçada a braçada com os melhores do mundo. Tenho para mim que, se você treina forte, você combate fácil. Há quatro anos, vi Cesar ganhar as medalhas pela TV e aquilo me motivou. Eu disse que um dia ia estar lá. Hoje treinamos juntos e ele me dá dicas. E ainda sou bem novo, com a mesma idade que ele tinha quando ganhou, e estou preparado para buscar um resultado semelhante ao dele - disse Leo, dono do 10º melhor tempo do ano nos 200m borboleta, sua prova principal.
Cheios de vontade
Leo de Deus é só um dos representantes da geração que pretende atingir seu auge nos Jogos do Rio-2016. Henrique Rodrigues também faz parte dela. No último ano do ciclo olímpico, mudou de cidade, de técnico, e apostou no treinamento em altitude e no trabalho psicológico para fazer bonito em sua estreia nos Jogos. Ganhou 4kg (90% de massa magra) e está mais forte fisicamente para a briga dos 200m medley, que contará também com Thiago Pereira.
- A preparação foi muito bem feita e fizemos um trabalho para que eu tenha um rendimento bom mesmo cansado. Foi um período de mudanças grandes para mim, e o resultado vai ser muito positivo. Pelo que vi na seletiva americana, temos que esperar grandes resultados de Phelps e Lochte nos 200m e nos 400m medley. Mas eu também estou preparado para ir para cima deles. Agora é concentrar.
Concentrar e, se houver tempo e sorte, encontrar e pedir para tirar uma foto com Usain Bolt, o homem mais rápido do mundo nas pistas de atletismo.
- Ele foi um cara que apareceu de repente na Olimpíada. Tenho vontade de cumprimentá-lo e perguntar: "Posso tirar uma foto com você?" Ele me inspira bastante.
Os calouros olímpicos Daniel Orzechowski (à esquerda), Henrique Rodrigues, Marcelo Chierighini e Leo de Deus (Foto: Danielle Rocha / Globoesporte.com)Inspiração para ser mais rápido, porque confiante, eles já são.
- Essa geração não tem muita paciência para esperar tanto tempo. É objetiva e clara e tem poder rápido de assimilação. A estratégia para lidar com ela tem que ser completamente diferente. Ao mesmo tempo, não tem a vergonha de expor fragilidade. É uma geração que chega muito motivada e tem uma coisa de não respeitar muito os adversários. Não tem vergonha e receio de dizer: "Eu quero o pódio" - afirma Ricardo de Moura, supervisor técnico da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA).
Fonte : Globo.com
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