Em alguns momentos, parecia show. Quando a música ambiente parava, todo mundo olhava para o palco. Ainda que fosse só um alarme falso. A diferença é que a plateia não era de roqueiros, mas de quase 700 jornalistas que lotaram o auditório do Centro de Imprensa de Londres na tarde desta quinta-feira. E o palco não tinha bateria, guitarras ou amplificadores. Mas o microfone estava lá para o maior atleta olímpico da história. Quando a música parou de vez,
Michael Phelps entrou caminhando com o semblante sério, bebendo água numa garrafinha, calçando chamativos tênis verdes e vestindo o agasalho da seleção americana de natação. Sentou-se à mesa, e só aí lhe caiu a ficha. Impressionado com a multidão de repórteres que estava ali para ouvi-lo, sacou o celular do bolso, apontou para os jornalistas e fez questão de registrar o momento.
- Estou mais relaxado, vamos nos divertir. Nunca na minha carreira eu falei em contagem de medalhas, são vocês que fazem isso. Só quero chegar aqui e nadar o mais rápido que puder - contou Phelps.Desde que arrebatou oito ouros nas Olimpíadas de Pequim, Phelps é assim. Onde ele está, não se fala em outra coisa. Quando a entrevista começou, às 15h34m (11h34m de Brasília), oito tradutores simultâneos a postos, como se fosse um para cada ouro nos Jogos anteriores: francês, espanhol, alemão, russo, chinês, japonês, coreano e italiano. Nas 702 cadeiras da sala de conferência praticamente lotada, era um mar de mãos levantadas para fazer perguntas. E o multicampeão olímpico respondeu cada uma delas. Sorriu, bebeu energético, brincou com o técnico Bob Bowman, que estava ao seu lado, e não demorou muito para resumir sua missão em Londres. Desta vez, nada de quebrar todos os recordes possíveis e acumular o máximo de ouros.
Mão levantada, e o multicampeão relaxado
(Foto: Rodrigo Alves/GLOBOESPORTE.COM)Cliques, flashes e braços levantados
Enquanto ele falava, a trilha sonora não era mais a música ambiente, mas as centenas de disparos das câmeras fotográficas que disputavam espaço na parte de trás do auditório. Com a barba feita, as orelhas grandes de sempre, o nadador americano manteve as mãos nos bolsos quase o tempo todo. Só tirava para dar um gole no energético de vez em quando.
A pressão de nadar nas Olimpíadas já não atinge quem coleciona tantos ouros. E apesar do circo de mídia que o persegue, Phelps garante que, no fundo, esta competição é apenas mais uma.
- Há uma piscina, raias, arquibancadas, placares. É claro que há mais atenção, mais mídia, mas no fim das contas é como qualquer outro torneio. Faço as mesmas rotinas, o mesmo aquecimento - garantiu.
Durante quase meia hora - 28 minutos e alguns segundos, para ser quase tão exato como os tempos da natação - Phelps falou sobre os companheiros de seleção, especialmente Ryan Lochte e a jovem Missy Franklin, sobre pressão, sobre relaxamento, sobre provas que prometeu não disputar mais e às quais voltou. Falou sobre tudo, diante da plateia atenta. Com suas exceções, claro. Penúltima pergunta, às 15h57m, um celular tocou a clássica musiquinha. Um minuto depois, tocou de novo. Phelps não ouviu. Ou fingiu que não ouviu. Àquela altura já estava com a cabeça em outro lugar. Na diversão olímpica.
Fonte : Globo.com
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