Passando por adaptação na 'terra da rainha' desde o último dia 13, o paratleta Francisco Avelino disputa a primeira das três provas dia 30

Avelino lembra com saudosismo dos pódios que já subiu. E tanto orgulho não é para menos. Disputando o revezamento medley ele foi prata duas vezes: uma em Sydney 2000 e outra em Pequim 2008. Nos Jogos de 2004, em Atenas, conquistou o tão sonhado ouro na mesma prova, além de um bronze nos 100m peito.
Em Londres, serão três chances de conquistar novas medalhas. A primeira delas no dia 30 de agosto, quando disputa os 50m livre com os favoritos Clodoaldo Silva, Daniel Dias e o espanhol Sebastian Rodrigues. No dia 4 de setembro, ele cai na água pelos 100m peito. No entanto, a prova mais esperada por ele é a dos 50m costas, que só acontece dois dias depois. O veterano está confiante na conquista do terceiro lugar.
- Um bronze já estaria de bom tamanho. Daniel (Dias, atual campeão) e o chinês (Junquan He) já vão brigar pelo ouro. O tempo que eles fazem hoje eu nunca fiz na vida, mas dá pra lutar por esse terceiro lugar - garante o paratleta com mais de 20 anos de piscinas.
O nadador considera que a delegação brasileira de natação já vai começar os Jogos prejudicada porque o programa de Londres não vai oferecer as provas de revezamento medley e livre até 20 pontos. De acordo com ele, a organização do evento alegou que era preciso enxugar o horário em função dos veículos de comunicação.
- Temos tradição nessas provas. Com certeza são duas medalhas a menos para o Brasil – lamenta.
Preparação
Em Natal, o "vovô" das piscinas treina no Sesi todos os dias da semana, por duas horas e meia. Ele confessa que nem todo dia está disposto a cair na água para treinar, mas sabe da importância, lembra por tudo que já passou e se esforça.
Antes de viajar para Londres, focou os treinamentos na explosão muscular, importante para provas rápidas, como as de 50m. Além disso, no treino chamado polimento trabalha a chegada nas provas.
- Largo bem, mas no decorrer do trajeto tenho dificuldade em manter o rendimento. Por isso preciso caprichar nesta reta final.
Em função dos 46 anos e de algumas limitações motoras, a maior dificuldade tem sido a recuperação pós-treino. Avelino sente muita dor muscular, mas garante que está na luta.
- O esporte é muito prazeroso. Costumo dizer que só os fortes envelhecem, os fracos ficam pelo caminho – fala Francisco.
Adversidades

(Foto: Cleber Mendes/FOTOCOM.NET/CPB)
Aliado a esses problemas, o potiguar natural de Ipanguaçu, diz que começou a "amarelar". Segundo ele, os treinamentos eram ótimos, mas quando disputava provas internacionais, o rendimento era abaixo do esperado e os efeitos colaterais eram os mais diversos.
- Eu ficava apático. Em 1997, por exemplo, quando falaram que a próxima prova era a minha, eu tive incontinência urinária, taquicardia... Isso atrapalhava muito minha performance na água - lembra.
A solução encontrada foi procurar tratamento psicológico. Segundo ele, as primeiras sessões com a psicóloga já foram suficientes para mudar o modo de pensar e de agir durante as provas.
- Ela me deu alguns toques. Agora, quando eu percebo que estou ficando nervoso, por exemplo, é só controlar a respiração e ver que é só mais uma prova.
Rio 2016
O paratleta quer encerrar a carreira em grande estilo nas Paralimpíadas do Rio, em 2016. Como vai estar com 50 anos, já iniciou um trabalho de musculação como nunca fez antes, mas que é necessário. Avelino conta que o próprio diretor da federação duvidou e questionou se era realmente necessário esse esforço.
- Eu sei que é difícil, mas vou focar. Depois de Londres vou procurar um fisiologista para melhorar ainda mais meu rendimento - promete o competidor, que pretende se aposentar após o Rio.
Fonte : Globo.com
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