Em vistoria, Crea/BA detecta pequeno atraso, mas não tem acesso ao calendário da construção
Em 29 de agosto do ano passado, o Brasil inteiro assistiu pela televisão à implosão da Fonte Nova, em Salvador. Encerravam-se ali as memórias de um acidente trágico que matou sete torcedores, em 25 de novembro de 2007. As estruturas de um gigante frágil e debilitado foram reduzidas a pó em alguns segundos, abrindo caminho para a construção de um novo estádio, uma arena multiuso, com capacidade para abrigar 50 mil pessoas. As lembranças de um estádio que marcou a história da cidade deram lugar aos sonhos daqueles que aguardam a Copa do Mundo de 2014. Projetos, promessas e projeções permeiam o imaginário de torcedores que esperam poder reconstruir na nova Fonte as alegrias de antigamente. Mas um temor é unânime: será que o estádio sai a tempo do Mundial?
O diretor de Engenharia da Arena Fonte Nova garante que sim. De acordo com José Luiz Góis, o estádio será entregue, inclusive, com antecedência para receber a Copa das Confederações:
- Vamos entregar com certa folga, em dezembro de 2012. A data da Copa das Confederações ainda não está definida, mas será entre maio e junho de 2013. Estamos “replanejando” a obra para garantir a conclusão antes da competição, para, assim, a Fifa operar e preparar o equipamento para o primeiro grande teste.

das vigas (Foto: Eric Luis Carvalho)
- Há atraso de mais ou menos um mês e meio no calendário. A Secretaria de Trabalho e Emprego já sinaliza que a conclusão deve acontecer em janeiro ou fevereiro de 2013, não mais em dezembro de 2012.
Durante a inspeção, a Fonte Nova Participações e Negócios, concessionária responsável pela construção, justificou o retardo nesta etapa da obra. O atraso na liberação de recursos do BNDES, por conta de pendências com Tribunal de Contas da União (TCU), teria atrapalhado o andamento do cronograma.
Mas os torcedores mais preocupados podem ficar tranquilos. Segundo Dantas, o atraso não deve impedir que a obra seja concluída a tempo da Copa das Confederações. E José Luiz Góis acrescenta que o calendário da construção inclui a previsão de possíveis impasses que possam retardar seu término:
- O saldo atual é positivo. Dependemos das chuvas, mas existe um planejamento já contando com este período dentro do cronograma, consideramos dentro da praticabilidade. Quantidade, intensidade das chuvas e outros aspectos... Já consideramos isso – afirmou Góis.
Construção andando a contento, mas cronogramas não são divulgados
Apesar do avanço visível das obras na arena, Jonas Dantas ressalta que os cronogramas físico-financeiros da concessionária responsável pela construção não foram apresentados. Durante a vistoria realizada pelo Crea/BA na última semana, Dantas não teve acesso ao calendário, necessário para um diagnóstico preciso sobre o andamento das atividades.
- Quando entramos nas obras, houve dificuldade de acesso aos cronogramas para que pudéssemos determinar se há atraso. Os técnicos nos informaram verbalmente, dizendo que estão desenvolvendo tudo conforme pedido pelo governo – contou o presidente do Crea/BA.
Mesmo assim, Dantas afirma que o órgão vai insistir em obter toda a documentação necessária:
- Nós vamos continuar cobrando todos os dados, principalmente os cronogramas, pra que a gente possa detectar possíveis atrasos. Eles têm obrigação de dar informações e nós temos que agir de forma proativa, ajudar na correção do que precisa ser adequado.
Questionado sobre tal calendário, o diretor de Engenharia da Arena afirma apenas que o estádio será entregue dentro do prazo exigido.
- Não temos um período de entrega, temos um “deadline”. Nosso prazo é 34 meses, que foi passado pela Fifa. O cronograma varia de acordo com a cidade-sede e estamos seguindo o nosso. Estamos totalmente no tempo da obra.
As vistorias serão realizadas em todos os estádios brasileiros que vão sediar jogos da Copa do Mundo pelo Crea, Ministério Público e outros seis órgãos. Salvador foi a terceira cidade a ser avaliada – Brasília e Belo Horizonte foram as primeiras. O processo de inspeção só deve terminar em junho, após visita ao Itaquerão, em São Paulo.
Um projeto grandioso
A Arena Fonte Nova, que tinha investimento inicial previsto para 591 milhões de reais, vai custar cerca de 1,6 bilhão, de acordo com números divulgados pelo TCU. Após a conclusão da construção, o estádio será operado pela Fonte Nova Negócios e Participações por 35 anos.
O projeto prevê a construção de três níveis de arquibancada com assentos cobertos e capacidade para 50 mil espectadores, além de 70 camarotes. A arena deve contar ainda com um restaurante panorâmico com vista para o estádio e para o Dique do Tororó e cerca de duas mil vagas de estacionamento. De acordo com a concessionária, a estrutura também vai abrigar um Museu do Futebol, Fun Shop e business lounge, que funcionarão independentemente dos jogos.
Fonte : Globo.com
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