Depois de cinco anos investindo nas categorias de base, o Sesi-SP resolveu dar um passo maior. E escolheu a natação feminina para isso. De olho nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, o clube apresentou nesta terça-feira, na sede da Avenida Paulista, um projeto que contará com 14 meninas. Quatro delas servirão como espelho para as mais jovens. Ex-integrante da equipe do Flamengo,
Daynara de Paula é um dos nomes de peso. Ela divide os holofotes com a maratonista aquática
Ana Marcela Cunha, e com Etiene Medeiros e Jéssica Cavalheiro. No comando está Fernando Vanzella, ex-mentor de Thiago Pereira e Joanna Maranhão, que também será o técnico da seleção brasileira feminina.
Sesi-SP apresenta sua nova equipe de natação feminina (Foto: João Gabriel)
- Já existia aqui um trabalho com equipes infantil e juvenil que vinha crescendo a cada temporada. Alguns começaram a se destacar, e o Sesi viu que era um caminho interessante investir na modalidade, assim como fez com o vôlei e com o polo aquático. A opção pelo feminino foi para ajudar no desenvolvimento da natação nacional, para tentar chegar próximo ao que representa hoje o masculino. Temos um grupo seleto de meninas experientes. Daynara tem duas Olimpíadas e é finalista de Mundial no borboleta. Etiene nada costas e foi semifinalista. Jessica nada livre, e Ana Marcela é a nossa maratonista. Chegaram também dez meninas das categorias juvenil e junior que foram campeãs brasileiras e com idade boa para pensar em 2016 e 2020 também. Queremos que cheguem a um estágio mais avançado. Quem já foi finalista, que brigue por medalha. Quem foi semifinalista, que possa chegar a uma final - disse Vanzella.
Bicampeã da Copa do Mundo de Águas Abertas, a maratonista Ana Marcela Cunha trocou a cidade de Santos pela capital paulista. A baiana de apenas 20 anos decidiu apostar em uma nova etapa, visando os Jogos do Rio de Janeiro.
- Fui criada no Unisanta, fiquei muito tempo lá, mas sei que um projeto como esse vai ajudar a desenvolver a natação feminina. E, por conta de 2016, vi que era hora de começar a fazer um trabalho como esse - disse Ana Marcela.
Ana Marcela Cunha também integra o projeto
(Foto: Satiro Sodré / Agif)
O grupo para esta temporada está fechado. Mas a ideia de aumentar o número de nadadoras de elite na próxima não está descartada. O projeto prevê intercâmbio, com treinamento em altitude e competições no exterior. Todas treinarão na piscina da Vila Leopoldina. Além de Vanzella, outros dois treinadores ajudarão a tocar o projeto. O ex-nadador Fernando Possenti ficará mais envolvido na preparação de Ana Marcela. Renato Balan, que passou quatro anos trabalhando na Austrália, também integra a comissão.
- Vamos trabalhar numa linha horizontal. Não vai ter técnico principal. Os três vão estar na borda da piscina. Vamos contar com um departamento de musculação e preparação física. Teremos também uma área nova com fisioterapeuta, além de psicóloga e nutricionista. É um pacote bem bacana. Fui convidado pelo Sesi para trabalhar com as meninas e para mim conciliou com a função que vou ter na CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos). Isso foi muito interessante porque vou poder dar sequência a esse trabalho no feminino. Qualquer menina do projeto da CBDA, que eu precise dar uma avaliada, vai por vir aqui. O Sesi vai estar de portas abertas.
Fernando Vanzella é comandante do projeto
(Foto: Cahê Mota / Globoesporte.com)
Para Vanzella, os passos para o crescimento começam a ser dados. Ele acredita que a iniciativa do Sesi-SP possa motivar clubes a fazer o mesmo. O desafio neste ciclo olímpico será trabalhar para ajudar a desenvolver uma nadadora que possa servir de referência.
- O masculino sempre teve referências. Teve o Tetsuo Okamoto, o Manoel dos Santos, o Gustavo Borges, o Fernando Scherer. Quando eu estava no Pinheiros, o Cesar Cielo foi treinar lá em função de ter o Gustavo ainda nadando. Foi uma referência forte para ele, que vivenciou uma experiência que podia contribuir na sua formação. E deu certo. Uma das coisas que faltam no feminino é a referência. Temos e ter o olho apurado para tentar buscar a primeira medalhista, para que ela seja a referência para as que estão chegando.
CBDA também investe
Coaracy Nunes, presidente da CBDA, esteve no
lançamento do projeto (Foto: João Gabriel)
A partir de fevereiro, a CBDA também passará a dar atenção especial para as meninas. O comando da seleção foi dividido. Vanzella fica com as mulheres. Alberto Silva comanda os homens. De 18 a 23 de fevereiro, os dois treinadores estarão na clínica que será promovida pela entidade, em Brasília. Lá, os critérios, o formato e os conceitos do projeto que visa a 2016 serão apresentados aos 80 atletas (60 melhores índices técnicos de todas as categorias e 20 melhores performances nas provas olímpicas). Eles serão divididos em grupos e todos terão de cumprir um programa de avaliação e monitoramento.
- O projeto vem sinalizar que isso é foco em 2016, porque tem gente que ainda não entrou. Esse será um processo vivo, que poderá acontecer em qualquer momento: os de cima poderão sair e os de baixo, subir. A cada ano teremos competições-alvo para avaliações. Financeiramente, serão beneficiados atletas do projeto medalha, de acordo com os critérios do Ministério do Esporte. E, os melhores do geral, terão benefício desse projeto e mais o da CBDA - disse Ricardo de Moura, superintendente técnico da entidade.
Presente na apresentação do time de natação feminino do Sesi-SP, Coaracy Nunes, presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), aprovou a iniciativa.
- Com a proximidade das Olimpíadas, tudo, agora, é uma oportunidade de fazer algo pelo esporte no Brasil. Hoje, o Sesi-SP já é uma das potências aquáticas no país. É ótimo ver um projeto desse surgir.